terça-feira, 31 de janeiro de 2012

UMA BOA NOTÍCIA

Hoje tive duas consultas, a primeira com o meu médico oncologista radiologista Dr. João Luiz, que mais uma vez enfatizou estar indo muito bem o meu tratamento e que os meus registros apontavam para mais um sucesso no tratamento dessa doença. A ressecção radical da massa tumoral, a ausência de sequelas da cirurgia, o fato de eu estar da mesma forma como antes, são os principais registros disso. Apesar desse depoimento eu fiz várias perguntas em relação ao tumor, suas infiltrações, dados da cirurgia, para criar meu próprio juízo de valor, afinal os médicos sempre enfatizam a esperança, estejam os pacientes em que condições estiverem. O meu sentimento foi de que ele estava colocando percepções positivas e verdadeiras. A segunda foi com o oncologista clínico Dr. Arthur Katz, que analisou os meus exames de sangue das últimas duas semanas e explicou sobre o processo da quimioterapia. Os meus exames foram dados como excelentes e até certo ponto, segundo ele e o Dr. Rafael, acima da média para paciente tratado com quimioterapia na terceira semana. Também fiz alguns questionamentos, dessa vez mais na linha dos acontecimentos futuros, tendências e o que esperar. Entendi que após essas 06 semanas vou descansar 30 dias sem nenhuma medicação, retorno ao Sirio para uma sessão de Ressonância Magnética (oportunidade em que será verificado qualquer reaparecimento - ou não - do GBM), e enfim será prescrito, se tudo estiver ok, o tratamento quimioterápico de manutenção por 02 anos, e definida a agenda de consultas de acompanhamento e avaliação.
Eu tenho certeza de que vou passar bem por essa fase inicial. Sinto que, pelas minhas apurações, esse tumor foi descoberto ainda em um estágio relativamente inicial e foi cirurgicamente bem tratado. Não posso descartar a possibilidade de existirem ainda células remanescentes, mas a rádio e a quimioterapias farão o restante do trabalho; a recidiva, que é uma quase certeza, vou tratá-la se vier e quando vier, da mesma forma como estou tratando agora.
E assim vem um dia atrás do outro, uma vitória atrás da outra, ainda que sejam em etapas iniciais.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

FÉ É A ESPERANÇA

Nunca recebi tanta novena e rezas para fazer, já tem até uma "corrente" com reza todos os dias às 15:00hs, missas são encomendadas por meus parentes e eu estou até envergonhado com meus sentimentos de fé, que deveriam ser muito maiores do que o de todos eles, afinal essa doença não tem cura pelas mãos dos homens, o máximo que se consegue é uma sobrevida maior, viver só pela mão de DEUS.
Eu sou filho de uma família de católicos praticantes, fui habituado a frequentar a igreja, mas na fase adulta me afastei das missas, porém nunca deixei de rezar todas as noites.
Agora com essa situação e depois de passado todo o impacto dos primeiros momentos, vejo a necessidade de fortalecer o meu espirito e a fé em Deus, mais sei que isso é um processo também.
Como mortal que sou e sabendo que não tenho alternativa de cura pelas mãos dos homens, daí vem a minha vergonha, tenho pedido nas minhas rezas pela minha cura, e termino ficando desacreditado comigo mesmo, pois pareço ter passado óleo de peroba na cara, e como estou agora nessa situação recorro nas preces ao bom DEUS e seus pupilos. Não estou me sentindo bem com isso, mas não quero perder a única oportunidade que tenho.
Talvez em função desse meu momento a reza que mais gosto de fazer, todas as noites, é para o Santo Expedito, pois retrata o meu desespero e verdade de pensamentos:
Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes interceda por mim junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo, socorra-me nesta hora de aflição e desespero, meu Santo Expedito Vós que sois um Santo guerreiro, Vós que sois o Santo dos aflitos, Vós que sois o Santo dos desesperados, Vós que sois o Santo das causas urgentes, proteja-me. Ajuda-me, Dai-me força, coragem e serenidade. Atenda meu pedido (Fazer o pedido). Meu Santo Expedito! Ajuda-me a superar estas horas difíceis, proteja de todos que possam me prejudicar, proteja minha família, atenda ao meu pedido com urgência. Devolva-me a paz e a tranqüilidade.
Tudo nesse processo é muito novo e fortíssimo, o que está em jogo é apenas o quando e assim como eu já consigo conversar sobre o que aconteceu e está acontecendo, a ponto de chamar esse tumor que “tinha” de Dino, vou conseguir buscar uma certa paz interior que me permita pedir, com fé, pela minha vida aos santos e a Deus.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DESABAFO

Eu ainda não consigo pensar e escrever tudo que sinto sobre esse momento novo da minha vida. Sei que foi uma mudança radical, que vai do pessoal ao profissional, e dizer que estou puto é muito pouco. Sei que não estou preparado para essa nova situação da minha vida, a morte à minha espera num tempo menor do que eu imaginava me deixa revoltado e inconformado com esse destino, mesmo considerando que somos mortais e que um dia morreremos. Morrer não é o problema, afinal todos morremos, mas a sensação de muitas coisas ainda por fazer é que revolta e machuca.
Eu acredito que já tive alguns sinais de que devo contrariar as estatísticas de sobrevivência dessa doença, que são relativamente pequenas. O primeiro deles foi a cabeçada no carro que me possibilitou perceber a presença desse tumor, depois o fato de não ter tido nenhum sintoma dessa doença, a declaração do meu médico de que a cirurgia foi um sucesso, e por último a minha saúde, que ainda é boa. O que aterroriza é que esse tipo de patologia fica à espreita e mais cedo ou mais tarde reaparece.

Eu me acho uma pessoa esperta e perpicaz, mas fiquei completamente vendido no diagnóstico da minha doença. Vim de Salvador para São Paulo "crente do sucesso" que tinha um meningioma, nem sei quem me disse isso, mas minha família quase toda já sabia que eu tinha um tumor malígino. Rapaz, no seu dia voce pode crer que fica abestalhado, é essa minha constatação; eu só espero não estar novamente nessa situação, estão dizendo para mim que está tudo uma beleza, mas dessa vez estou com os olhos abertos e não estou engolindo qualquer coisa. O "bacana" que arrumei, não sei onde, é fodão, ainda indestrutível e tudo que estou fazendo é para ter uma sobrevida maior e esperar que a medicina evolua para me tirar dessa certeza da morte, no curto ou médio prazo. Mas que eu estou PUTO, bote PUTO nisso. 
Esses dias recebi a visita da minha cunhada, uma visita muito agradável e oportuna para mim e para minha esposa, que como uma pessoa emotiva não sei onde anda buscando forças para passar com certa consciência por esse momento das nossas vidas. A situação dela é muito pior do que a minha, afinal morrer é ponto final, mas a dor da perda fica com os que ficam.
Todos os dias tomo 24 comprimidos, nos finais de semana 26, com hora marcada; preciso de companhia, apesar de estar inteiro, mas existe o risco de convulsão, pois à medida que o cérebro reage à radio e quimioterapia ele vai se inflamando e inchando, uma reação natural do processo. 
Devagarzinho vamos caminhando para frente, nesse tipo de doença a regra - que ainda não engoli, mas chego lá - é viver um dia após o outro e comemorar uma vitória a cada dia vivido.

Aos poucos já estou começando a voltar a trabalhar, mas já percebi que depois da radio o uso contínuo do computador me deixa cansado e com um pouco de dor de cabeça. Enfim, amanhã é um novo dia.

domingo, 22 de janeiro de 2012

MINHA PRIMEIRA SEMANA DE RÁDIO E QUIMIOTERAPIA

Segunda-feira dia 16 de janeiro de 2012 comecei o meu tratamento, ao todo são 24 comprimidos por dia. A radio é todos os dias às 11:00hs: entre arrumação, colocação da máscara e procedimento duram mais ou menos 20 minutos, não se sente absolutamente nada, para mim, apenas o desconforto da máscara que te prende à maca sem nenhuma possibilidade de mexer o rosto, é meio claustrofóbico. Esse procedimento vai até as sextas-feiras, descanso nos finais de semanas e as reações ao processo provavelmente deverão vir nas duas últimas semanas; fui alertado para dores de cabeça, irritações no temperamento e coisas do gênero.
A químio fica para a noite todos os dias às 22:00hs, tomo um remédio preventivo de sintomas colaterais, 30 minutos antes e logo próximo às 23:00hs já estou dormindo. Graças a Deus não estou sentindo absolutamente nada desse processo. Nos finais de semana, tenho de tomar um antibiótico para prevenir-me quanto à possibilidade de pneumonia. Esse procedimento vai até 29 de fevereiro, quando deverei descansar 30 dias, espero em minha casa em Salvador, para retornar novamente para uma nova avaliação.
Ainda tenho um sentimento de inconformismo muito grande dessa situação, mas aos poucos começo a entender que não tenho escolha a não ser seguir o tratamento e buscar alternativas, esperando que a medicina, ao longo desse tempo, consiga evoluir para uma “cura” dessa doença.
Existem muitas rezas sendo feitas por meus familiares, até correntes de fé, eu rezo todas as noites em conjunto com minha esposa e aos poucos vou espiritualizando-me.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

AS FERRAMENTAS NA LUTA CONTRA O GBM

Apesar da internet ter muitas matérias, estudos e informações sobre centros de referencias, fiz um consolidado de algumas pontos que julguei interessantes e quem sabe se não podem abreviar a pesquisa de outrem.

A luta contra o GBM ainda nos é desvantajosa, afinal ele é muito pequeno, se esconde com facilidade, praticamente não envelhece, se reproduz com rapidez e faclidade, mas não é tão inteligente assim, pois ao matar o paciente morre junto.
Estou aguardando a evolução da medicina cada vez mais eficiente e quem sabe se em breve não surge uma forma de extermínio desse tipo de tumor, até lá, vale o que puder e tiver ao meu alcance ( cirurgia, tratamentos com rádio e quimio ) e antes de mais nada muita fé em Deus, que no mínimo vai confortar minha dor. Os médicos hoje em dia dizem, aos sete cantos, que a medicina dobra de conhecimento a cada dois anos, que bom.

Em São Paulo, centro de referência no Brasil para esse assunto, existem neurocirurgiões renomados, dentre eles:

MARCOS AUGUSTO STAVALE JOAQUIM
CIRURGIA NEUROLÓGICA
Rua Da. Adma Jafet, 91 Bela Vista - São Paulo - SP
Cep: 01308-050 Tel: (11) 3155.0200

FERES EDUARDO CHADDAD NETO
CIRURGIA NEUROLÓGICA
Rua Maestro Cardim, 769 Bela Vista - São Paulo - SP
Cep: 01323-900 Tel: (11) 3505.9000

EDUARDO DE ARNALDO SILVA VELLUTINI
CIRURGIA NEUROLÓGICA
RUA DA. ADMA JAFET, 74 - 12º AND. CJ 121 BELA VISTA - SÃO PAULO - SP
Cep: 01308-050 Tel: (11) 3259.8577

FELIX HENDRIK PAHL
CIRURGIA NEUROLÓGICA
Rua Da. Adma Jafet, 74 - 12° And. Cj 121 Bela Vista - São Paulo - SP
Cep: 01308-050 Tel: (11) 3259.8577
nota: existem outros nomes, perdão por não apresentá-los mas não os tenho ainda.
Existem vários centros de pesquisas e excelência no tratamento desse tipo de patologia, eles estão nos EUA, Inglaterra, China, onde tem-se a notícia do primeiro caso de cura por vacina, e aqui no Brasil o Hospital Sírio Libanês, é a referencia maior, com a utilização dos protocolos mais avançados de combate a essa doença.

O GBM pode ser pesquizado em algumas publicações e centros de pesquisas, dentre os quais ressalto:
- Livro Anticancer - prevenir e vencer usando nossas defesas naturaisde de Servan-Schreiber, David; tradução: Rejane Janowitzer e Regiane Winarski - 2.ed.rev. e ampl.  Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
- Memorial Sloan-Kettering Cancer Centre
- The Adult Brain Tumor Consortium (  ABTC  )

http://www.hopkinsmedicine.org/international/physicians/medical_news/neurology_neurosurgery/new_ways_tofight_glioblastoma.html
- American Brain Tumor Association
2720 River Road; Des Plaines, IL 60018
800.886.2282; 847.827.9910
info@abta.org

- American Cancer Society
1599 Clifton Road, N.E.; Atlanta, GA 30329
800.227.2345; 404.486.0100

- American Institute for Cancer Research; Nutrition Hotline
1759 R St. NW; Washington, DC 20009
800.843.8114; 202.328.7744
aicrweb@aicr.org

- Association of Cancer Online Resources

- Brain Tumour Foundation of Canada
620 Colborne Street; Suite 301; London, Ontario; N6B 3R9 CANADA
800.265.5106; 519.642.7755
btfc@btfc.org

- Cancer Care
275 Seventh Avenue; New York, NY 10001
800.813.4673; 212.712.8400
info@cancercare.org
www.cancercare.org

- Hospital John Hopkins

Por enquanto é o que tenho, mas estarei sempre atualizando esse material.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Tumores cerebrais
Um tumor cerebral benigno é uma massa anormal, mas não cancerosa, de tecido cerebral. Um tumor cerebral maligno é qualquer cancro no cérebro com capacidade para invadir e destruir tecido adjacente ou um cancro que se espalhou (que criou metástases) pelo cérebro vindo de outro lugar do corpo através da corrente sanguínea.
No cérebro podem crescer vários tipos de tumores benignos. O nome que recebem depende das células específicas ou dos tecidos onde têm origem: os schwannomas têm a sua origem nas células de Schwann que revestem os nervos; os ependimomas, em células que cobrem a superfície interna do cérebro; os meningiomas, nas meninges, ou seja, no tecido que cobre a superfície externa do cérebro; osadenomas, nas células glandulares; os osteomas, nas estruturas ósseas do crânio, e os hemangioblastomas, nos vasos sanguíneos. Alguns tumores cerebrais benignos (como os craniofaringiomas, os cordomas, os germinomas, os teratomas, os quistos dermóides e os angiomas) podem estar presentes já no momento de nascer.
Os meningiomas são habitualmente benignos, mas podem reaparecer depois de serem extirpados. Estes tumores são mais frequentes nas mulheres, aparecendo normalmente entre os 40 e os 60 anos, mas podem começar a desenvolver-se na infância ou inclusive mais tarde. Os sintomas e os perigos inerentes a estes tumores dependem do seu tamanho e da rapidez do seu crescimento, assim como da sua localização no cérebro. Se crescerem demasiado, podem causar uma deterioração mental semelhante à demência.
Os tumores cerebrais malignos mais frequentes são as metástases de um cancro que teve a sua origem noutra parte do corpo. O cancro da mama ou do pulmão, o melanoma maligno e o cancro de células sanguíneas como a leucemia e o linfoma podem propagar-se ao cérebro. As metástases podem desenvolver-se numa única área do cérebro ou então em várias.
Os tumores cerebrais primários originam-se no cérebro. Quase sempre, os tumores primários são gliomas, que crescem a partir dos tecidos que rodeiam e suportam as células nervosas. Vários tipos de glioma são malignos; o glioblastoma multiforme é o tipo mais frequente. Outros tipos de tumores primários são o astrocitoma anaplásico de crescimento rápido, o astrocitoma de crescimento lento e os oligodendrogliomas. Os meduloblastomas, que são pouco frequentes, aparecem habitualmente em crianças antes da puberdade. Os sarcomas e os adenocarcinomas são cancros pouco frequentes que se desenvolvem a partir de estruturas não nervosas.
Os tumores do cérebro ocorrem com igual frequência no homem e na mulher, mas alguns tipos são mais frequentes nos homens e outros mais frequentes na mulher. Por razões desconhecidas, o linfoma do cérebro aparece cada vez com maior frequência especialmente em pessoas que sofrem de SIDA.

Sintomas
Os sintomas aparecem quando o tecido cerebral é destruído ou quando a pressão no cérebro aumenta; tais circunstâncias podem ocorrer quer o tumor cerebral seja benigno, quer seja maligno. No entanto, quando o tumor cerebral é uma metástase proveniente de um cancro distante, o doente pode também ter sintomas relacionados com esse cancro. Por exemplo, o cancro do pulmão pode causar tosse com muco sanguinolento ou o cancro da mama pode produzir um nódulo na mama.
Os sintomas de um tumor cerebral dependem do seu tamanho, do seu crescimento e da sua localização. Os tumores em certas partes do cérebro podem alcançar um tamanho considerável antes de os sintomas se manifestarem; pelo contrário, noutras partes do cérebro, mesmo um tumor pequeno pode ter efeitos devastadores.
A dor de cabeça é normalmente o primeiro sintoma, embora a maioria das dores de cabeça se deva a causas diferentes de um tumor cerebral. Uma dor de cabeça devida a um tumor cerebral reaparece geralmente com frequência ou é permanente; é muitas vezes intensa; pode aparecer em pessoas que nunca sofreram dores de cabeça; acontece de noite e já está presente ao acordar. Outros sintomas precoces e frequentes de um tumor cerebral consistem na falta de equilíbrio e de coordenação, enjoo e visão dupla. Em fases mais avançadas podem aparecer náuseas e vómitos, febre intermitente, um pulso e uma frequência respiratória anormalmente rápidos ou anormalmente lentos. Pouco antes de falecer podem ocorrer grandes flutuações da pressão arterial. Alguns tumores do cérebro causam convulsões. Estas, no caso de tumores cerebrais benignos, de meningiomas e de cancros de evolução lenta, como os astrocitomas, são mais frequentes do que nos cancros de evolução rápida, como o glioblastoma multiforme. Um tumor pode ser a causa de um braço, uma perna ou um lado do corpo se tornar fraco ou de paralisar; pode afetar a capacidade de sentir calor, frio, pressão, um contato ligeiro ou uma picada de um objeto pontiagudo. Os tumores podem também afetar a vista e o sentido do olfato. A pressão no cérebro pode causar alterações na personalidade e pode fazer com que a pessoa sinta sonolência, confusão e incapacidade de pensar. Estes sintomas são muito graves e requerem atenção médica imediata.

Diagnóstico
O médico suspeita da presença de um tumor cerebral quando uma pessoa apresenta alguns dos sintomas característicos. Apesar de muitas vezes se poder detectar uma função anormal do cérebro no decurso de um exame físico, para estabelecer o diagnóstico devem utilizar-se outros procedimentos.
Uma simples radiografia do crânio e do cérebro é de pouca utilidade no diagnóstico de tumores cerebrais (salvo em raros casos de um meningioma ou de um adenoma da hipófise). Todos os tipos de tumores do cérebro são visíveis numa tomografia axial computadorizada (TAC) ou numa ressonância magnética (RM), as quais podem medir com precisão o tamanho e a localização do tumor. Quando um tumor cerebral aparece numa TC ou numa RM, efetuam-se exames complementares para determinar o seu tipo exato.
Os tumores da hipófise descobrem-se geralmente quando eles comprimem os nervos da visão ao ponto de chegar a afetá-la. As análises ao sangue mostram valores anormais das hormonas hipofisárias e o tumor pode habitualmente ser diagnosticado com uma TAC ou uma RM.
Alguns tipos de tumores podem também produzir valores anormais de hormonas no sangue, embora a maioria não o faça. Deve fazer-se uma biopsia do tumor (obtenção de uma amostra para o seu exame ao microscópio) para determinar o seu tipo e se é maligno.
Algumas vezes, o exame ao microscópio do líquido cefalorraquidiano obtido por uma punção lombar (inserção de uma agulha na coluna lombar para extrair uma amostra do líquido da medula) mostra células cancerosas. A punção lombar não deve fazer-se se existe evidência de um aumento de pressão dentro do crânio, porque uma mudança súbita dessa pressão pode causar uma hérnia, que é uma das complicações mais perigosas de um tumor cerebral. Ao produzir-se a herniação, o aumento da pressão intracraniana empurra o tecido cerebral para baixo através da estreita abertura na base do crânio, comprimindo assim a parte mais inferior do cérebro (tronco cerebral). Como resultado, desestabilizam-se as funções essenciais controladas pelo tronco cerebral, como a respiração, o ritmo cardíaco e a pressão arterial. Sem um diagnóstico e tratamento rápidos, a herniação pode causar um estado de coma e a morte.
Durante a intervenção cirúrgica pode, habitualmente, praticar-se uma biopsia, extirpar o tumor ou parte do mesmo. Em alguns casos não se pode aceder de forma segura ou direta a tumores que se encontram em partes profundas do cérebro. Nestes casos, pode praticar-se uma biopsia com uma agulha guiada por uma técnica de orientação tridimensional; trata-se de uma técnica por meio da qual a agulha é guiada por um dispositivo de imagem para o tumor, do qual se extraem células por aspiração.
Tratamento
O tratamento de um tumor cerebral depende do tipo e da localização do mesmo. Quando é possível, o tumor é extirpado cirurgicamente. Muitos tumores cerebrais podem extirpar-se provocando pouco dano ao cérebro ou mesmo nenhum. No entanto, alguns crescem em locais onde é muito difícil ou impossível o acesso sem correr o risco de destruir estruturas vitais. A cirurgia causa por vezes lesões cerebrais que podem implicar uma paralisia parcial, alterações nos sentidos, debilidade e deficiência intelectual. No entanto, a extirpação de um tumor é necessária se o seu crescimento afetar estruturas cerebrais importantes. Mesmo em casos em que a extirpação não pode curar o cancro, a cirurgia pode ser útil para reduzir o tamanho do tumor, aliviar os sintomas e permitir ao médico determinar com exatidão de que tipo de tumor se trata e se outro tipo de tratamento poderia ser adequado.
Alguns tumores benignos devem ser extirpados, dado que o seu crescimento progressivo em locais com um espaço limitado pode causar lesões graves e inclusive a morte. Sempre que for possível, devem extirpar-se os meningiomas e isso pode habitualmente fazer-se de maneira total e segura. No entanto, os meningiomas muito pequenos e os que se desenvolvem nas pessoas mais velhas não devem extirpar-se. Geralmente, os tumores benignos, como os schwannomas e os ependimomas, podem tratar-se de maneira semelhante. Em alguns casos depois da extirpação aplica-se radioterapia para destruir qualquer célula que tenha ficado.
Muitos tumores cerebrais, e em especial os malignos, são tratados com uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Depois de se ter extirpado a maior quantidade possível de tumor, inicia-se a radioterapia. Esta não cura habitualmente o cancro cerebral, mas pode reduzi-lo suficientemente para o manter sob controlo durante muitos meses e mesmo anos. A quimioterapia utiliza-se para tratar certos tipos de cancro cerebral. Os cancros cerebrais, metastáticos ou primários, podem responder à quimioterapia.
Um aumento de pressão sobre o cérebro é muito grave e requer atenção médica imediata. Habitualmente, administram-se fármacos como o manitol e os corticosteróides por via venosa para reduzir a pressão e prevenir a herniação. Por vezes, coloca-se um pequeno artefacto dentro do crânio para medir a pressão cerebral, com o objetivo de que o tratamento possa ser adaptado às circunstâncias.
A abordagem terapêutica das metástases cerebrais depende em grande medida da zona onde teve origem o cancro. Muitas vezes, efetua-se radioterapia nos tumores cancerosos do cérebro. A extirpação cirúrgica pode ser útil se houver apenas uma metástase. Para além dos tratamentos habituais, existem outros experimentais que implicam o uso de quimioterapia, a colocação de implantes radioativos dentro do tumor e também a radiocirurgia.
Prognóstico
Apesar do tratamento, só 25 % dos doentes com cancro no cérebro vivem mais de dois anos. O prognóstico é ligeiramente melhor em tumores como os astrocitomas e os oligodendrogliomas, os quais não costumam reproduzir-se durante os 3 a 5 anos posteriores ao tratamento. Cerca de 50 % dos doentes tratados por um meduloblastoma sobrevivem mais de 5 anos.
O tratamento do cancro cerebral tem mais possibilidades de êxito em pessoas com menos de 45 anos, nas que sofrem de astrocitoma anaplásico em vez de glioblastoma multiforme e naquelas cujo tumor pode ser extirpado cirurgicamente em grande parte ou na sua totalidade.
Publicação Manual merck em seu site de Portugal

( minhas observações - existe vitória de sobrevivencia de 20, como foi o caso do médico e escritor David Servan-Schreiber, que escreveu o livro ANTICÂNCER, uma publicação que todos deveriam ler )

O COMEÇO DO FIM

Hoje, dia 16 de janeiro de 2012, comecei a radio e quimioterapia, essa por via oral do medicamento TEMODAL. A rádio foi um processo indolor e rápido, a químio, vou contar em outra postagem, pois os sintomas são mais demorados e ainda não tenho todos os registros.
Enquanto estava no Sirio Libanes, após a radioterapia, encontrei um Sr. jantando com duas pessoas, que mais tarde, depois das apresentações, soube tratarem-se de pai, esposa e filha. Este - o patriarca - estava sem cabelos, com o semblante característico de quem teria ou estava sendo submetido a quimioterapia, de nome Jair, médico, morador de uma cidade do nordeste, provavelmente uns 65 a 70 anos de idade e portador de um câncer, segundo ele de próstata, mas que já tinha apresentado metástase na bexiga, pulmão e vários outros lugares. Ao longo da conversa ele, alegre e brincalhão, por várias vezes se dizia curado; periodicamente tinha de retornar ao Sírio para uma nova quíimio e exames. Contei um pouco da minha história e fez questão de frisar que, como médico, tinha a perfeita noção da sua patologia e da minha, e de que o importante era ter fé em Deus e acreditar que tudo daria certo, assim como vem fazendo desde o ano passado, quando descobriu a doença em novembro, e vem acumulando a cada etapa uma nova vitória sobre a doença.
Observei bem suas palavras e o que mais me chamou a atenção foi a alegria e disposição que emanavam do seu semblante, e uma certa despreocupação do dele com sua doença.
De tanta gente que estou vendo com algum tipo de câncer, e de constatações como essa, já dá até para imaginar que a doença está começando a se banalizar e talvez seja por aí o começo do seu fim.

sábado, 14 de janeiro de 2012

MEU ANJO DA GUARDA

Moro na cidade do Salvador, Bahia, Brasil, tenho 54 anos, 80 kg, 1,83 m, saudável, faço todos os anos um rigoroso check up, e levo uma vida como a de qualquer executivo no Brasil.
Em 2010 num exame de avaliação, descobri que minha pressão estava um pouco mais alta e feitos todos os exames, fui declarado pelo meu cardiologista como um hipertenso LEVE. Passei a usar então uma medicação hipertensiva – BENICAR 20 mg – e tudo continuou como antes.
Dia 28 de Novembro de 2011, ao entrar no carro, não sei como bati o lobo direito do meu crânio, com força, na cabine do carro bem próximo a porta do motorista, uma acidente até certo ponto difícil de explicar, analisando posteriormente cheguei a pensar que tinha perdido o senso de orientação tamanha foi a pancada. Doeu bastante e passei muitos dias com aquela região dolorida, inclusive a orelha.
Sem ligar para esse fato, mais ou menos depois de duas semanas comecei a sentir uma dor de cabeça estranha. Tinha dias que acordava com dor de cabeça, em outros levava parte do dia também com dor de cabeça. Essa situação não era nada que eu não tivesse conhecimento, afinal sempre fui, ao longo da minha vida, um eterno portador de dores de cabeça. Um dia despertei durante a noite com uma dor de cabeça esquisita, aliás nunca tinha sentido uma dessas; era do tipo "pulsativa" e quando acordei resolvi procurar um médico, afinal a cabeça doía quase todos os dias e o local da pancada continuava dolorido, apesar de quase 20 dias do fato.
Fui a um amigo neurologista que solicitou uma ressonância magnética, e como estava para viajar ao exterior onde passaria as festas de final de ano, levei os filmes diretamente na casa dele. Lá tomei o meu primeiro susto, quando ele me disse que a pancada não tinha gerado nenhuma lesão maior no cérebro a não ser o fato de ter me levado a fazer esse exame, e que eu tinha um TUMOR no lóbulo lateral do cérebro, ainda carente de uma melhor investigação, podendo ser um MENINGIOMA.
Fiquei estarrecido, saí de sua casa com uma nova requisição de exame e no dia seguinte já o tinha realizado, dessa vez com um contraste e aspectos mais específicos. Esse novo resultado, que foi dado a minha esposa e filha já apontava alguns indícios de outra neoplasia e apesar de não conhecer esse novo laudo, resolvemos, toda a minha família, irmos para São Paulo, na busca de outras avaliações.
No dia 27 de dezembro já estava em São Paulo em consulta com Dr. Marcos Stávale, que confirmou ser um tumor com irrigação, evidencias de necrose e o quanto antes pudesse ser removido melhor. O caso era cirúrgico.
No dia seguinte, dia 28, estava sendo operado. A cirurgia segundo o médico foi um sucesso, houve a resseção total do tumor. Saí muito bem da cirurgia, sem nenhuma sequela, e no dia 29 eu já estava andando com minha família na lanchonete do térreo do hospital Sírio Libanês, até o médico se mostrou esoantado.
Eu não sabia ainda que tipo de patologia tinha sido retirada e aos poucos fui me rendendo à minha própria curiosidade. Foi quando em uma das visitas do meu cirurgião, perguntei claramente o que ele tinha encontrado. A resposta foi clara e cristalina: um GLIOMA. Dias depois, através do resultado da biópsia, a confirmação de um GLIOBASTOMA MULTIFORME – GBM.
Não sei nem o que pensei naquela hora, sabia pouco sobre tumores do Sistema Nervoso Central, mas o suficiente para saber que tinha um dos piores ou a pior e mais agressiva patologia, com uma sobrevida média de 15 meses, dados comuns obtidos na internet de diversas fontes inclusive universidades no Brasil e Exterior.
Não há nada que descreva essa sensação, só mesmo quem passou por ter a sua sentença de morte anunciada pode ter uma noção disso.
Hoje, dia 14 de janeiro de 2012, ainda não consigo pensar a respeito disso, consigo no máximo colocar isso em uma parte da minha cabeça, que tranco e só abro quando eu quero. Foi a pior coisa que já me aconteceu até hoje, inclusive para minha família. Eu não gostaria de estar na pele da minha esposa, saber que seu parceiro vai em um tempo para frente morrer dessa doença. Muita tristeza, revolta, indignação, perguntas do tipo – POR QUE EU? - e tudo mais, é isso que sinto ao longo dos últimos dias. Meu tratamento começará na próxima segunda dia 16 de janeiro de 2012, farei radioterapia e quimioterapia por 06 semanas, para em seguida uma nova avaliação, quando será definido qual o tipo e continuidade do tratamento.
Tenho lido muito sobre TUMORES no cérebro e espero poder colocar algumas leituras e links sobre o assunto para que outras pessoas possam conhecer - ou até mesmo diminuir - suas aflições, pela presença na família dessa doença que não tem cura ainda, e representa uma falha do nosso sistema imunológico, em síntese.
Minha família inteira ficou abalada, hoje vejo que todos rezam, fazem promessas e formam uma corrente para que eu possa de alguma forma “me curar” ou viver mais, assim como alguns registros de pessoas que viveram 20 anos ou mais.