Há 01 ano eu estava
sendo operado no Sírio Libanes e passaria a conhecer um tal de GBM. Esse rapazinho mudou
completamente minha via e da minha família. Minha mãe, apesar de eu não ser
mais nenhum menino (hoje tenho 55 anos), se acabou; o envelhecimento dela por conta disso
foi acelerado em alguns anos e acho que foi quem mais sentiu, afinal é mãe e
nós não estamos programados para enterrar filhos. Minha filha teve um filho
prematuro, graças a Deus passado o susto sabemos que ele é normal e está crescendo como uma criança normal; minha esposa envelheceu uns três anos, uma verdadeira bomba
na minha casa.
Fazendo uma retrospectiva
eu me recordo que depois de operado e de saber da minha doença a internet foi o
meu ponto de capacitação, e se tem uma informação que precisa ser bem
compreendida é essa tal de sobrevida, que nas primeiras leituras apontavam
para 01 ano. Eu fiquei pirado com esse dado, o mundo caiu sobre minha cabeça e
levei um tempo para me recompor, esse blog foi minha terapia, o local onde eu
disse o que quase queria. Com o tempo fui processando essa informação e vi em
outras literaturas que mesmo em diagnósticos onde o câncer era dado como
curável, havia informações de sobrevida de pequenos valores. Por último ao “descobrir” que não tinha nenhum caso como o meu escrito e registrado, certo ou
errado consegui levantar o astral, encarar melhor a vida, a morte, e comigo
mesmo decidi lutar com tudo que posso ter contra essa doença.
Neurocirurgicamente falando
eu sou um R0 - segundo os médicos, aquele que a retirada tumoral foi de 100%. Não tive nenhuma sequela pós-cirurgia, químio e rádio são procedimentos necessários e do protocolo, enfim, o que entendi de
tudo isso é que eu, através do meu sistema imunológico, tenho de voltar a tratar
e debelar os meus cânceres: todos nós temos os nossos, a diferença entre quem
teve câncer e quem não teve está em um vacilo do próprio sistema imunológico. Daí o
astral, a vontade de ficar bom e a determinação serem fundamentais para a
autorecuperação.
Algumas personalidades ao
longe de 2012 perderam a vida por um câncer, perdi, também por essa doença, o
meu melhor amigo e foram duros golpes no meu astral, mas levantei a cabeça e
estou aqui cheio de vontade de voltar à minha vida de antes, sem lembranças
desse processo, sem tomar o Temodal, que por mais benéfico que seja ao meu
processo é um saco, fico preso a datas, tem seus efeitos colaterais e coisas
assim.
Continuo lendo muito sobre
esse tal de GBM, não existe ainda nada muito eficaz para o tratamento disso
ainda e apesar dos médicos dizerem que a medicina dobra de conhecimento a cada
dois anos não estou vendo nada no horizonte de curto e médio prazo que possa
salvar vidas desse tipo de doença. Enquanto essa “cura” não vem vou levando a
vida, trabalho, tenho meu lazer e vamos para frente.
Conheci algumas pessoas que
tiveram ou tem essa doença, um já foi operado três vezes, está em plena
atividade e vivinho há mais de 15 anos, outros dois já saíram com algumas
debilidades da cirurgia e perdi contato. O que está vivo tem 35 anos
aproximadamente e os outros dois um tem 43 e o outro aproximadamente 60 anos.
Já fui ao exterior três
vezes esse ano, todas a metade a trabalho e lazer, meus cabelos continuam
cheios, perdi um pouco da densidade na área de influência da radioterapia e
engraçado meus cabelos grisalhos, que não eram muitos, quase desapareceram,
estou com os cabelos pretos como se tivesse tingido.
Nunca rezei tanto e nunca
tanta gente rezou tanto por mim, hoje sou uma pessoa bem mais emotiva, gostaria
de poder dizer ao ex Presidente Lula que Deus deu a ele uma oportunidade de
vida e ele pode está jogando-a no lixo quando faz discursos e irrita a região
afetada, gostaria de ajudar outras
pessoas com esse tipo de doença, não sei como, mas espero que esses depoimentos
possam de alguma forma, além de me ajudar, ajudar outras pessoas.
Vou seguindo meu tratamento
que se tudo estiver em ordem deve terminar em 2014, até lá vou continuar me
assombrando com as ressonâncias que tenho de fazer a cada 03 meses e que graças
a Deus tem apresentado ótimos resultados.
Eu tenho três médico que me
acompanham, um Oncologista, todos os meses, uma radioterapeuta, a cada três
meses e o neurocirurgião.
Na lembrança que dei a eles
nesse final de ano não disse o que gostaria de ter dito, mas vou fazê-lo em
breve. Gostaria de ter dito a eles que dessem aquela lembrança a seus pais, pois
foi graças a eles que eu, e outros, estamos vivos, fruto do saber no estado da
arte, dos seus filhos, hoje médicos e referencia de notório saber.
Agradeço a Deus em primeiro
lugar, ao Dr. Artur Katz, oncologista, ao Dr. João Luiz, radio terapeuta e ao Dr.
Marcos Stavale, neurocirurgião.
Devo muito também a toda
minha família que me deu e esta dando o apoio necessário.