terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

COMO ENTENDER O QUE DIZEM OS MÉDICOS

Hoje tive uma nova sessão de radioterapia, mas antes passei pela triagem de enfermagem que colhe informações sobre o estado geral do paciente, disse que apesar da medicação para a constipação estava difícil ir ao banheiro.

Procedimentos à parte fui então para a consulta com o radioncologista Dr. João Luiz, onde fiz perguntas acerca da minha relativa surpresa com a queda dos cabelos, questionei se nasceriam novamente; depois de acessar minha ficha e dados do tratamento, segundo ele voltariam a nascer, espero. Apresentei informações sobre um novo tratamento já homologado nos EUA, chamado de TTF100A e ao final, ouvi dele as seguintes colocações: Esse novo tratamento já é de nosso conhecimento, aplica-se em pacientes com recidiva, em uma segunda etapa, o tratamento que estamos fazendo em você é para a CURA, você vai sair daqui CURADO. Justificou essa colocação levando em consideração dados da cirurgia, o plano de ataque da radioterapia (associada à quimioterapia) às zonas de influencia do tumor, concentrações específicas da irradiação em determinadas áreas, sob a bandeira do felling médico,  e do quadro geral do paciente.

É TUDO QUE UM PACIENTE DE GBM GOSTARIA DE OUVIR.
Senti muita verdade em suas colocações, Deus queira que seja assim, mas preciso ter cautela com isso para amanhã não pirar se for diferente, afinal na  medicina nada é exato e precisamos saber também processar as informações dos médicos.

3 comentários:

  1. Andre Luiz,

    Mais uma vez voce tem toda razão. Saber decodificar o que dizem os medicos é algo que se aprende com o tempo ou com muita intimidade com eles. Acho que deve se apegar à justificativa dele em relação ao novo tratamento com 50% de esperança e 50% de reserva. Falo isto sem querer destruir sua fé e sua crença na cura, mas movida pelo medo que uma decepção lhe destrua a força que tem demonstrado. Se a literatura diz que esta doença tem recidiva, pelo menos na maioria dos casos, o novo tratamento só se aplicaria na recidiva? Por que não na primeira aparição? Mas, nem medica eu sou, embora sei que além de competentes são muito vaidosos. É aquela coisa de dizer o que voce quer ouvir, voce está certíssimo. Mas, cuidado amigo, não quero ver tanta força e tanta esperança transformar-se em decepção. Que a ciência, onde DEEUS se manifesta, através dele tenha razão em alimentar sua esperança, sentimento que deve independer do que lhe dizem o não.
    Torço para isto.
    bjss

    ResponderExcluir
  2. Tomei a liberdade de interferir nesse comentário, minha amiga querida, e dar o meu depoimento por tudo que estou acompanhando de perto.
    Não creio, nesse caso, tratar-se de vaidade ou soberba, pelo contrário, o Dr. João é um profissional muito sério, centrado, é justamente aquele que perguntou ao seu amigo logo na primeira consulta: "você é otimista ou pessimista?" E quando EU (não o André) respondi que ele era pessimista, o Dr. João disse que ele estava no médico errado, pois que não havia na medicina nenhum tratado indicando que otimismo e pensamento positivo curam ou ajudam na cura, mas ELE, na sua jornada como médico, não só acreditava piamente nisso como já tinha vivenciado inúmeros casos onde a postura pessoal do paciente fez toda a diferença. Então, é por esse pensamento que tenho lutado com o André todos os dias, para ele vencer o seu natural perfil de "pé no chão", não para voar alto e se abstrair do seu foco, ou se alienar à verdade, mas para ACREDITAR sim, que ELE PODE vencer essa batalha, que o organismo dele é JOVEM e forte, que DEUS existe e é uma força marcante em nós, que nem tudo é lógico na medicina e que temos que fazer TUDO o que for necessário para ajudar os protocolos vigentes (que estão cada dia mais evoluídos) a vencer a doença. Graças a DEUS, e a amigos médicos que nos orientaram, estamos indo muito bem nesse processo: nos cercamos do que há de MELHOR na medicina do nosso país, pois na luta pela vida não se pode dar mole. Largamos a nossa casa e a nossa vida na busca do melhor para o André. O hospital é referência nacional em oncologia, o neurocirurgião, idem, o raditerapeuta, idem, o oncologista, idem, a equipe clínica, idem idem. O resultado é que a cirurgia foi um sucesso, os tratamentos estão indo muito bem e o André está indo em frente, um dia de cada vez, vitória a vitória. Isso nos dá uma confiança de que estamos no rumo certo, cumprindo as etapas da melhor forma possível, sustentados e orientados pelo conhecimento dos melhores profissionais da área, na melhor instituição.
    Então eu, uma eterna otimista (você me conhece), entendo quando os médicos são "cuidadosos" no que falam, pois tentam preservar a autoconfiança dos pacientes. Os médicos não disseram que o cabelo do André não iria cair - disseram que poderia cair, ou não, mas que era possível que isso acontecesse. E caiu! Então por isso eles perderam a credibilidade? Eu sinto confiança nas palavras do Dr. João, não creio que ele esteja brincando de Deus quando nos fala que a cura é possível, e que é nesse foco que ele está trabalhando. É porque ELA É POSSÍVEL, SIM, apesar de todas as estatísticas dizerem o contrário. Nós não somos números. Quando - e se - houver recidiva, faremos tudo de novo, e acreditaremos, DE NOVO, que é possível vencer. Ao final da consulta ele nos disse que poderia nos mostrar vários casos de cura, se quiséssemos. Então???
    A vida em si é bem melhor se a gente acredita e tem esperança!!! E o tempo não se mede pela passagem das horas, mas pela qualidade do que vivemos.

    ResponderExcluir
  3. Queridos amigos,

    Não posso afirmar mas, ninguém mais que nós, deseja ardentemente sua CURA, ANDRÉ. Por voce, por M., por seus filhos e familiares, entre o quais nos incluimos e, especialmente por sua mãe! Meu Deus, só um exercício de projeção desta situação me enlouquece.

    Minha constância em comentar seus relatos tem como objetivo estimular a exposição de seus sentimentos, dúvidas e esperanças. A tônica dos meus comentários, todos devidamente registrados, é de fortalecer a ESPERANÇA de voces e a minha também, pois só escrevo no que acredito. Tenho me esforçado para que voce, André, não se envergonhe do seu movimento de transcendência e na legitimidade de apegar-se a um Deus que, acredito, está em todas as coisas, até em Dino que lhe fez lançar um olhar diferenciado para a vida.

    Tenho consciência que voces estão entregues a mãos competentes e atualizadas. Nem médica eu sou para questionar procedimentos e protocolos médicos. Mas sentí-me instada a apoiá-lo quando voce, André, questionou as informações recebidas dos médicos. Nem nunca disse que ele foi arrogante nem estava brincando de DEUS. Disse, sim, que DEUS está na Ciência que eles representam embora tenha falado em vaidade, sentimento humano, que nem os médicos estão imunes. Mas falei dentro de um contexto que deve ser relido.

    Quando citei a queda do cabelo, falei em tese, usando-a como exemplo de sintomas que são negados. Acho que meu inconsciente quis ouvir de voce, M. querida, que esta medicação de quimioterapia é nova e os cabelos de André não cairiam. Se voce não disse, talvez seja uma vontade pessoal que os efeitos coleterais em voce, Andre´, sejam o mínimos possíveis. Como exemplo, dou meu tio que tem metastases no pulmão e na próstata e só depois de quase 7 anos sob tratamentos quimioterápicos, perdeu os lindos cabelos negros que possuia, apesar dos seus 70 anos. Cada caso é um caso.

    Falei também que voce não deve achar, Andre, que tirou na MEGA SENA ao contrário. Até porque, considero voce e M. irmãos siameses; como se um sem o outro se resumisse apenas a uma metade. Inteiras, mas metades rsrs.
    Claro M. querida que voce, que está perto o suficiente para saber ler nas entrelinhas o que está implicito nos discurso dos medicos. Quanto a mim, só posso escrever em cima do que Anfré relata...

    JAMAIS, desconheceria a inteligência e o discernimento, qualidades que ambos possuem, de achar que voce estariam aí, longe da sua casa, provavelmente gastando muito dinheiro (graças à Deus o têm), para entregar a própria vida em mãos pouco confiáveis ou aventureiras.

    Entretanto, ratifico minha crença de um hiato na formação medica de uma ênfase mais humanista. Talvez, pela referência de voces ser a de tratamento de primeiro mundo. Se descessem mais um degrau, saberiam que não são poucas as queixas de falta de tato, de empatia e de respeito na relação médico-paciente. Pois qualquer sonegação de informação, qualquer dado mal formulado negado à um paciente lúcido e que questiona é desrespeitoso e anti-ético. A Escola Bahiana de Medicina ja está levando seus estudantes às comunidades carentes. Não esperam que os futuros médicos ja nasçam com a virtude da compaixão. Afinal, dizem, é uma profissão igual às outras e não um sacerdócio. Pessoalmente, discordo disto.

    p.s. M., amiga querida, procure num dos meus comentários onde falo que "acredito que SE houver recidiva, Andre vai fazer tudo de novo". Enfim, minha linda, concordamos em tudo que falou. Aliás, alguém muito querido ja dizia, "não existem doenças, existem doentes" e quanto ao valor da vida, eu própria ja fiz valer minha por viver alegrias que duraram poucas horas.

    Beijos e saudades
    Alice

    ResponderExcluir