terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PRISCILA PRINCESA DE PLUTÃO

Nome da cadela da raça poodle que viveu com minha família durante 18 anos. Chegou quando meus filhos ainda eram crianças, brincou com eles por várias fases das suas vidas e quando morreu minha filha já estava casada. A morte de PRISCILA representou o último elo da fase criança e adolescente dos meus filhos, época em que podíamos conviver todos juntos e eles sob as asas dos pais.
Pensando na historia da minha vida com minha família três épocas foram marcantes:
Os  passeios de barco com  a nossa primeira embarcação, uma lancha de 14 pés batia que era um horror mas, fizemos aventuras  maravilhosas por rios e mar;
A nossa casa de veraneio, esperada e desejada nos finais de semana, local onde só se tinha compromisso com o lazer e com o descanso.
A moradia da Pituba, local onde cresceram meus filhos, tornaram-se adolescentes e de onde saiu minha filha para o casamento.
A primeira embarcação foi substituída por outra maior, e esta por uma maior ainda até chegar na atual, que pouco usamos. Um fato indiscutível era que à medida que aumentávamos o tamanho da lancha, perdíamos a companhia dos filhos. Um processo natural, eles estavam crescendo e buscando seus próprios caminhos, mas apesar de óbivio eu só percebi quando a casa começou a esvaziar.
A Moradia da Pituba foi substituída por uma casa fora da cidade, projetada inicialmente para receber toda a família, mas já na concepção do projeto minha filha saiu para casar e tivemos de readaptar a essa situação. Moro lá há 06 anos, não tenho apego nenhum pela casa, por conta disso uma parte da decoração está por fazer até hoje.
Meu último filho saiu para trabalhar em São Paulo, e assim ficamos eu e minha esposa, sozinhos.
Síndrome do ninho vazio, assim chamam os estudiosos do comportamento humano para essa situação. Leva-se tempo para aceitar e passar por cima, o casal precisa se adaptar, isso é um processo longo, eu ainda não tinha me adaptado a essa situação.
Agora tenho de conviver com esse tal de GBM, sinceramente se eu tivesse o direito de escolher, não queria tê-lo, mas se não tivesse esse direito, queria escolher a hora dele aparecer, pelo menos daqui a 30 anos.

5 comentários:

  1. Meu amado,
    Interessante como, apenas guiado pelo instinto, você está escrevendo cada vez melhor. Continue assim, colocando a sua alma no que escreve. Com certeza o resultado que veremos aqui será cada dia mais bacana, um verdadeiro retrato seu - por dentro!

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  2. André Luiz
    Engraçado ou muita coincidência o título de sua última postagem. Ontem me peguei, da janela da cozinha de sua casa, olhando o local onde enterramos a "nossa" Priscila. Digo nossa porque convivi com ela tanto tempo que passei a considerar aquele floquinho de neve como minha também. E lembrei das nossas casas de veraneio. Os meninos se jogando no rio e empurrando a Priscila também. Tadinha ficou cega tão cedo... Entretanto, por trás de uma suposta fragilidade, se escondia uma leoa e não uma pequena poodle cor de neve. Lembrei com muita saudade daqueles tempos e hoje ao ler seu blog vi que você também lembrava de pelo menos, algumas dessas coisas. Ontem senti a presença de Priscila muito forte dentro de sua casa. Acho que foi um bom sinal, pois dela só virão bons fluidos. Mais um belo relato. Concordo com o que "M" disse. Um grande beijo.
    Sua irmã

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  3. Sempre soube que M. e voce eram pessoas que mais me compreendiam, pois, como o de voces, meu ninho está esvaziando. Sabemos que todos passam por esta fase. Poucos sentem-se aliviados, embora ninguém a desconheça, menos ainda a sentem de forma dicotômica, como um ganho e como uma perda. Só sei que dói muito ao tempo que nos dá uma sensação de dever cumprido. Voces cumpriram o de voces com honra e méritos.
    Infelizmente, amigo, as fases da vida aparecem e desaparecem, independente das nossas vontades. Muitas vezes nem as sentimos como deveríamos, inebriados que estamos com as miudezas da vida.
    Sua fase agora à a de lutar por estes desejados 30 anos, que não pertencem apenas a voce. Concentre-se neles. Achei linda sua atenção quanto ao fato de perceber que nunca, depois de Dino, tomou um comprimido pelas suas próprias mãos. Sua companheira leva-os, sempre, até sua boca. A fase é de ficar atento às pequenas coisas.
    Estou dizendo isto para mim também.
    bjs
    Alice

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  4. Apesar de nunca ter respondido a nenhuma de suas postagens, tenho acompanhado seus relatos diariamente. Cada vez mais, como todos que aqui comentam, tenho visto como seus relatos tem mudado com o tempo, de uma forma mais sentimental, se assim posso falar.

    Olhando para trás, para cada uma das fases da nossa família, posso ver claramente as alegrias e preocupações de todos naquele tempo, se tínhamos medo da "viração" e das marolas de outras lanchas na nossa pequena Marajó 16, em contrapartida tínhamos a família toda reunida, inclusive Priscila.
    Se o Village, que antes significava lazer e descanso também significava a preocupação com as estripulias que eu aprontava com o walkmachine, ou todas as vezes que me machuquei caindo de bicicleta, caminhando no mangue ou soltando fogos.
    Se a residência da Pituba, mesmo sendo apartamento (e não uma casa que você sempre sonhou), e seu lugar preferido dele fosse aquela varanda pequenininha, significava a união de toda a família, a saída de sua filha e minha irmã significa a prosperidade dela, com seu netinho que está por vir.

    Gostaria de com esse relato somente mostrar que em todas as fazes da vida existem alegrias e tristezas, realizações e dificuldades, mas no final das contas são as alegrias que marcam, mesmo que as vezes ela não esteja tão aparente, que seja necessário um esforço para reconhecê-la e que as vezes ela se demonstra nas mais simples atitudes, nos mais simples gestos.

    Não sou como M ou Alice que aqui escrevem, elas parecem ter o dom de escrever coisas belas e passar ainda mais belas mensagens, eu apenas me restrinjo a ver beleza nas coisas que parecem simples, sabendo fui, sou, e serei feliz em cada uma das épocas da nossa família.

    Você e M não estão sozinhos, nunca estiveram e nunca estarão.

    Seu filho,

    CT

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  5. Também acompanho diariamente seus relatos no blog e hoje, que estou especialmente emotiva, decidi colocar um postzinho...

    Realmente as fases passadas da nossa família foram maravilhosas. Nunca esquecerei os nossos passeios de barco, Priscila de "cachorro à milanesa" nas praias desertas que íamos e sendo jogada ao mar POR VOCÊ que queria que algum tubarão viesse pegar a bichinha, a vida na Ademar Fontes e os finais de semana intermináveis em Buraquinho (intermináveis porque na minha infância eu definitivamente não queria ir para lá, queria ir para a festa da Espuma!...só depois de um tempo passei a aproveitar melhor). Tudo foi muito gostoso de aproveitar.

    Mas nós crescemos e era natural que não pudéssemos mais viver sob as asas de vocês. Mas essa situação é apenas física e vocês sabem disso, somos emocionalmente dependente de vocês até hoje. Passamos para a fase do viver de saudade - eu sei que eu vivo de saudade! - e o ponto positivo nisso é que conseguimos aproveitar ainda mais os momentos que estamos juntos.

    Há muito teve início uma nova fase das nossas vidas e da nossa família. Com a distância e embora morramos de saudade, passamos a nos compreender melhor, não brigar e se desentender tanto e procurar sempre a qualidade naqueles momentos de união. Temos feito isso com bastante sucesso e é por isso que somos tão saudosos uns dos outros. E agora, com o seu neto vindo por aí, a tendência é que esses momentos sejam ainda mais frequentes.

    Se por um lado os anos de casada e "abandono" do lar original me fizeram ter mais saudades de vocês, por outro Deus me deu a habilidade para acalmar o meu coração. Nunca me acostumei com a ausência do nosso dia a dia em conjunto e jamais irei me acostumar, mas sempre que posso prometo a mim mesma que tenho que aproveitar o máximo e é isso que tenho feito.

    “Quem nunca mudou com o tempo? Aos poucos você vai deixando de escutar certas músicas, usar certas roupas e falar com certas pessoas. Mudar faz parte do ciclo da vida embora a essência seja sempre a mesma. Quando encontrar um obstáculo grande na vida, não desanime ao passar, pois com o tempo ele se tornará pequeno. Não porque diminuiu, mas porque você cresceu.”

    AMO TODOS DEMAIS...

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